A diversidade dos Seres Vivos
SISTEMÁTICA OU TAXONOMIA
É a parte da Biologia que trata do
estudo dos seres vivos, classificando-os em grupos ordenados (os
táxons ou categorias hierárquicas), estabelecendo um sistema
natural de classificação.
Etimologicamente vem do grego: taxis
= ordem e nomos = lei.
A Terra existe como planeta
consolidado há cerca de 4,5 bilhões de anos. Calcula-se, porém, que
a vida só surgiu há um bilhão de anos atrás.
Eras, Períodos e Épocas geológicas
se sucederam no transcorrer de muitos milhões de anos, durante os
quais os seres evoluíram.
Desde os mais simples
microrganismos, que proliferaram nos mares cambrianos, até o
surgimento do homem, a biodiversidade foi fantástica.
A vida se diversificou por incríveis
e surpreendentes caminhos.
Apareceram as plantas, os animais e
seres que, ainda hoje, são tão indefinidos nas suas formas e
maneiras de viver que, por vezes, torna-se difícil identificar a sua
verdadeira natureza. Os protozoários já foram considerados animais;
alguns já estiveram em classificação de vegetais. Hoje, são todos
enquadrados entre os protistas.
A tendência para classificar seres
vivos ou brutos, reais ou imaginários, remonta à pré-história. Aos
poucos, nossos ancestrais foram aprendendo a diferenciar plantas
comestíveis das venenosas; os solos férteis dos estéreis; os metais
mais apropriados para confecção de utensílios e armas. Ao longo da
história, o homem aprendeu que a prática de classificar seres e
objetos facilita a manipulação e a compreensão das entidades
classificadas, além de permitir que seu estudo seja compartilhado
entre pessoas, constituindo um eficiente método de comunicação.
Classificar alguma coisa é agrupar
tipos com características comuns, tendo por objetivo tornar mais
fáceis os conhecimentos gerais, particulares e comparativos desses
tipos.
Um sistema natural de classificação
não se baseia apenas na morfologia e na fisiologia dos organismos
adultos, mas também no desenvolvimento embrionário dos indivíduos,
no cariótipo de cada espécie, na sua distribuição geográfica e no
posicionamento dos seres perante seus ancestrais no processo de
evolução das espécies.
Uma classificação é tão mais
perfeita quanto mais desenvolva uma visão geral anatômica,
fisiológica, embriológica, citológica, bioquímica, genética,
geográfica e evolutiva dos organismos.
A Nomenclatura
Científica
Em cada um dos idiomas existentes,
os seres vivos receberam nomes, formando uma coletânea de muitos
milhares de denominações, impossíveis de serem conhecidas no mundo
todo. Esse fato mostrou a necessidade de se padronizar todos os
nomes dos seres vivos de modo que a denominação de qualquer um deles
seja entendida em qualquer língua.
Após várias tentativas, em 1758,
Karl von Linnë, botânico e médico sueco, propôs as regras de uma
nomenclatura binominal que serviram de base para o sistema ainda
hoje utilizado.
Essas regras foram adotadas em 1901
e revistas em 1927 e 1961.
As principais regras
são:
-
Todo nome científico deve ser latino
de origem ou, então, latinizado. Ex: Trypanosoma cruzi;
-
Em obras impressas, todo nome
científico deve ser escrito em itálico (letra fina e inclinada).
Em trabalhos manuscritos ou datilografados, na impossibilidade
de se usar o itálico, esses nomes serão grifados. Ex: Zea
mays ou Zea mays (milho);
-
Cada organismo deve ser reconhecido
por uma designação única binominal, onde o primeiro nome indica
o gênero a que ele pertence, e o segundo nome indica a sua
espécie em particular. Ex: Oryza sativa (arroz),
Phaseolus vulgaris (feijoeiro);
-
O nome relativo ao gênero deve ser
um substantivo simples ou composto, escrito com inicial
maiúscula. O nome relativo à espécies deve ser um adjetivo,
escrito com inicial minúscula. Ex: Homo sapiens;
-
Os nomes de família levam, em
zoologia, a terminação idae (ide, com e aberto) e, em botânica,
a terminação aceae (acee, com o segundo e aberto). Ex: o cão e o
lobo são da família Canidae. O coqueiro e as palmeiras são da
família Palmaceae.
Os Táxons ou Categorias
Taxonômicas
A espécie é a unidade básica de
classificação.
ESPÉCIE
é um grupamento de indivíduos com profundas semelhanças recíprocas
(estrutural e funcional), os quais mostram ainda acentuadas
similaridades bioquímicas; idêntico cariótipo (equipamento
cromossomial das células diplóides) e capacidade de reprodução entre
si, originando novos descendentes férteis e com o mesmo quadro geral
de caracteres.
Indivíduos de espécies diferentes
não se cruzam por falta de condições anatômicas ou por desinteresse
sexual. Quando se cruzam não geram descendentes porque seus
cromossomos não formam pares. E, quando geram, esses descendentes
são estéreis.
É o caso do cruzamento entre cavalo
(Equus cabalus) e jumenta (Equus asinus), cujos
descendentes, híbridos, são os burros ou mulas.
Criadores e sitiantes sabem que a
mula (exemplar fêmea) e o burro (exemplar macho) são híbridos
estéreis que apresentam grande força e resistência. São o produto do
acasalamento do jumento ( Equus asinus, 2n = 62 cromossomos)
com a égua ( Equus caballus, 2n = 64 cromossomos).
O burro ou a mula têm 2n = 63
cromossomos, porque são resultantes da união de espermatozóide, com
n = 31 cromossomos, e óvulo, com n = 32 cromossomos.
Considerando os eventos da meiose I
para a produção de gametas, o burro e a mula são estéreis. Os
cromossomos são de 2 espécies diferentes e, portanto, não ocorre
pareamento dos chamados cromossomos homólogos, impossibilitando a
meiose e a gametogênese.
As espécies são agrupadas em
gêneros.
Os gêneros se juntam de
acordo com suas semelhanças e formam as famílias.
Diversas famílias podem ser
agrupadas numa única ordem.
Por sua vez, as ordens mais
aparentadas se congregam em classes.
O conjunto de classes afins
constitui um filo.
(*No reino Metaphyta ou Vegetal
usa-se o termo divisão).
A reunião de filos identifica um
reino.
O reino é a categoria mais
abrangente e a espécie é a mais particular.
REINO |
Metazoa |
Mataphyta |
FILO |
Chordata |
Tracheophyta |
CLASSE |
Mammalia |
Angiospermae |
ORDEM |
Primata |
Dicotyledoneae |
FAMÍLIA |
Hominidae |
Papilionaceae |
GÊNERO |
Homo |
Paubrasilia |
ESPÉCIE |
Homo sapiens |
Paubrasilia
echinata |
Nome popular |
humano moderno |
pau-brasil |
Das Espécies aos Reinos
Os gatos domésticos (siamês, persa,
vira-lata) pertencem à mesma espécie: Felis catus.
Já o gato selvagem europeu exibe
outras características e é chamado Felis silvestris, e a
nossa jaguatirica é denominada Felis pardalis. Todos esses
animais, embora sejam de espécies diferentes, são portadores de
características bastante próximas, fazendo parte do mesmo gênero:
Felis. Do mesmo modo, leões (Panthera leo), tigres (Panthera
tigris), onças (Panthera onca) e leopardos (Panthera
pardus), animais silvestres de porte relativamente grande,
pertencem ao mesmo gênero: Panthera.
Mas esses animais assemelham-se aos
gatos e, por isso, tanto o gênero Felis como o gênero Panthera
pertencem à mesma família: Felidae. Muitas outras famílias de
animais podem ser consideradas. A família Canidae engloba o cão (Canis
familiaris), o lobo (Canis lupus) e a raposa (Vulpes
vulpes).
Os felídeos e os canídeos são
comedores de carne, assim como a família Ursidae (ursos) e Hyaenidae
(hienas). Todas pertencem à ordem Carnívora. Como nem todo animal é
carnívoro, existem outras ordens como a dos roedores (paca, rato), a
dos primatas (macaco, homem), a dos cetáceos (baleia, golfinho),
etc.
Os indivíduos dessas ordens, embora
bem diferentes, apresentam uma característica comum: todas as fêmeas
possuem glândulas mamárias e são agrupados na mesma classe: Mammalia
(mamíferos).
Os mamíferos, assim como os peixes,
anfíbios, répteis e aves, apresentam na fase embrionária um eixo de
sustentação denominado notocorda, que origina a coluna vertebral.
Por isso esses animais pertencem ao mesmo filo: Chordata.
O filo dos cordados, juntamente com
o dos equinodermos (estrela-do-mar), artrópodes (insetos), anelídeos
(minhoca), moluscos (caramujo) e outros, constituem o Reino Animalia
ou Metazoa.
O MUNDO VIVO: DIVISÃO EM
REINOS
Os Critérios Básicos de
Classificação
Em 1969, foi idealizado um sistema
de classificação que distribui os seres vivos em cinco grandes reinos.
Para essa classificação foram
utilizados os seguintes critérios:
-
Número de células - Conforme
os seres vivos sejam unicelulares ou multicelulares
(pluricelulares);
-
Tipo de organização celular -
Define se os seres vivos são procariontes (destituídos de carioteca -
membrana nuclear) ou eucariontes (possuidores de carioteca, nucléolo
e organelas membranosas em suas células).
-
Tipo de nutrição - Indicando
se os organismos são autótrofos(sintetizam matéria orgânica a partir
da matéria inorgânica) ou heterótrofos (se nutrem por absorção ou
ingestão do material orgânico disponível no ambiente).
Os Cinco Grandes Reinos
Reino Monera: Abrange todos
os organismos unicelulares e procariontes. Representado pelas bactérias e pelas cianobactérias.
Reino Protoctista: Compreende
os organismos unicelulares e eucariontes. Representado pelos protozoários e as
algas.
Reino Fungi: Compreende os
organismos eucariontes e heterotróficos por absorção. Representado pelos fungos,
cogumelos, mofos, leveduras.
Reino Metaphyta ou Plantae:
Abrange os organismos pluricelulares, eucariontes e autótrofos. Representado por
briófitas (musgos), pteridófitas (avencas), gimnospermas (pinheiros) e
angiospermas (feijão, coqueiro)
Reino Metazoa ou Animalia:
Compreende os organismos pluricelulares, eucariontes e heterótrofos por
ingestão. Representado pelos poríferos (esponjas), celenterados (corais),
platelmintos (solitária), nematelmintos (lombriga), anelídeos (minhoca),
artrópodes (aranha), moluscos (polvo), equinodermos (ouriço-do-mar) e cordados
(peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos).
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