A Respiração
As trocas gasosas ente os organismos e o meio
Respiração é o conjunto de processos cuja
finalidade é a liberação da energia contida em moléculas de
compostos orgânicos existentes no interior das células
(carboidratos, ácidos graxos, aminoácidos).
Tais moléculas constituem os metabólitos, e sua
oxidação produz catabólitos (resíduos) e libera energia.
Essa energia é aproveitada na execução das
reações químicas posteriores que completam o metabolismo
celular.
Além disso, é utilizada para manter a
temperatura corporal dos animais endotérmicos.
O principal metabólito utilizado pelas células é
a glicose. Por isso, é comum representar-se a respiração pela
equação:
C6H12O6
+ 6O2 ---> 6CO2 + 6H2O
+ Energia
Essa equação se refere à respiração no nível
celular.
No nível do organismo podemos dizer que a
respiração é o fenômeno de trocas gasosas entre o organismo e o
ambiente, isto é, aquisição de oxigênio (O2) e
liberação de gás carbônico (CO2).
Os seres que utilizam o oxigênio para a
respiração são aeróbios e os que não utilizam o oxigênio
são anaeróbios (bactérias, fungos).
Os vegetais absorvem o O2 e eliminam
o CO2 através da superfície corporal, pois, mesmo em
uma planta de grande porte, a superfície de contato com o
ambiente é extensa. Isto porque seu corpo é ramificado e suas
folhas (onde ocorrem a maior parte das trocas gasosas) têm
grande área relativa.
Nos vegetais terrestres, a epiderme apresenta
uma camada protetora e impermeável de cutina que evita a perda
excessiva de água pela transpiração, mas também dificulta as
trocas gasosas. Nesse caso, existem aberturas na epiderme das
folhas e caules, os estômatos (partes verdes) e as lenticelas
(partes velhas), por onde o oxigênio e o gás carbônico entram e
saem.
Os Mecanismos das Trocas Gasosas nos
animais
1- Pele: respiração cutânea.
2- Brânquias: são apêndices respiratórios
bem vascularizados, constituídos de filamentos delgados cobertos
por uma delicada epiderme de superfície ampla, apropriados para
o meio aquático.
3- Traquéias e filotraquéias: são
tubos finos que se ramificam a partir da superfície do corpo até
o interior dos tecidos, permitindo a difusão de O2 do ar para os
tecidos e do CO2 dos tecidos para as traquéias. A
difusão dos gases é auxiliada por movimentos do tórax e do
abdome, que promovem a distensão das traquéias de calibre maior,
facilitando o bombeamento do ar. A abertura das traquéias na
superfície do corpo denomina-se estigma ou espiráculo. Na
porção anterior ventral do abdome dos aracnídeos há um par de
estigmas que se comunicam com cavidades cujas paredes apresentam
lâminas foliares ricamente vascularizadas, por onde acontecem as
trocas gasosas. São as filotraquéias.
4- Pulmões: são órgãos respiratórios típicos
de vertebrados terrestres, constituídos por uma ou mais câmaras
revestidas internamente por um epitélio úmido, ricamente
vascularizado, com superfície ampla, que permite a absorção do
O2 diretamente do ar atmosférico. Nos mamíferos, os pulmões são
alveolares, isto é, os bronquíolos se subdividem, terminando em
numerosos e minúsculos ‘saquinhos’ (os alvéolos pulmonares), que
são ricamente vascularizados.
A Respiração nos Mamíferos
Para o mecanismo de captura de O2 e
eliminação do CO2, os mamíferos dispõem de um sistema
constituído de vias aéreas e de dois pulmões,
que são revestidos pela pleura.
As vias aéreas compreendem as narinas, fossas
nasais, faringe, laringe, traquéia e os brônquios. No interior
dos pulmões, os brônquios estão subdivididos em tubos de calibre
mais fino (os bronquíolos) que terminam nos alvéolos pulmonares.
Nas paredes externas dos alvéolos existem numerosos capilares
onde se processam as trocas gasosas.
Anexo ao sistema respiratório dos mamíferos,
existe o músculo diafragma e os músculos intercostais.
O diafragma é exclusivo dos mamíferos,
tem a forma de cúpula e separa a cavidade torácica da abdominal.
Nesses animais a respiração compreende dois
tipos de fenômenos: mecânicos e químicos.
Os fenômenos mecânicos compreendem
a inspiração e a expiração.
A inspiração consiste na entrada de ar nos
pulmões.
Com a contração do diafragma e dos músculos
intercostais, que elevam as costelas, o volume da caixa torácica
fica aumentado. Com o aumento do volume da caixa torácica e dos
pulmões, a pressão intrapulmonar diminui. Como o ar atmosférico
encontra-se a uma pressão maior, penetra pelas vias aéreas no
interior dos pulmões até que as pressões se igualem.
Na expiração os músculos se relaxam. Diminui o
volume dos pulmões. A pressão no interior dos pulmões torna-se
maior do que a do ar atmosférico. Com isso o ar é eliminado dos
pulmões. Dentro dos alvéolos pulmonares realiza-se uma troca
gasosa.
Como no ar inspirado a pressão parcial do O2
é maior do que a sua pressão no sangue, o O2
difunde-se para o interior dos capilares dos alvéolos. E o
inverso acontece com o CO2. O ar expirado contém
cerca de 100 vezes mais CO2 do que o ar inspirado.
O fenômeno químico da respiração
se chama hematose e acontece nos alvéolos pulmonares.
O oxigênio é muito pouco solúvel em água, logo é
também pouco solúvel no plasma sangüíneo. Por isso muitos
animais possuem proteínas combinadas a um metal que facilitam a
absorção e o transporte dos gases. São os pigmentos
respiratórios dos quais vamos estudar apenas a
hemoglobina.
A hemoglobina é formada por uma molécula
protéica combinada a um grupo molecular não-protéico contendo
ferro. Tem cor vermelha e é encontrada nas hemácias dos
vertebrados e no plasma de alguns anelídeos, moluscos e
artrópodes. Uma única molécula de hemoglobina pode ligar-se a
quatro moléculas de oxigênio, formando um composto instável
denominado oxiemoglobina.
Hb + O2 ---> HbO2
O transporte do O2
A combinação dos pigmentos respiratórios com o O2,
ou a separação dessas substâncias, depende da pressão parcial
desse gás.
Nos alvéolos pulmonares dos mamíferos a pressão
parcial do O2 é alta, enquanto nos tecidos é baixa.
Quando o ar penetra nos alvéolos pulmonares o O2 é
absorvido pelas hemácias e combina-se com a hemoglobina,
formando oxiemoglobina (HbO2). Dessa forma, o sangue
venoso transforma-se em sangue arterial. Essa transformação é
chamada de hematose.
A hemoglobina tem afinidade por outras
substâncias, especialmente o monóxido de carbono (CO). Nesse
caso, forma-se um composto estável (a carboxiemoglobina - HbCO)
que impeede a combinação do oxigênio com a hemoglobina e o seu
transporte pelo sangue, podendo provocar a morte por falta de
oxigenação.
Quando o sangue chega aos tecidos, a
hemoglobina, totalmente saturada de oxigênio, libera esse
elemento que será utilizado na ‘combustão’ dos alimentos pelas
células para a liberação de energia.
Nos pulmões: Hb + O2 ---> HbO2
Nos tecidos: HbO2 ---> Hb + O2
O2 + alimentos ---> CO2 + H2O
+ energia
Se a tensão de O2 no sangue descer a
menos de 40 mm/Hg, o fornecimento de oxigênio às células
reduzir-se-á a zero, causando-lhe a morte.
A queda no abastecimento de oxigênio pode ser
causada por:
-
Insuficiência de sangue para a captação do O2,
como nas hemorragias;
-
Incapacidade de utilização do O2 pela
alteração ou bloqueio de enzimas da cadeia respiratória. (O
cianeto bloqueia uma das enzimas respiratórias);
-
Redução da ventilação alveolar (a bronquite
causa um excesso de muco que impede a passagem do ar) ou
perda da elasticidade dos alvéolos pulmonares ou a sua
ruptura (enfisema pulmonar);
-
Redução da tensão de O2 em grandes
altitudes (produz fadiga, tonturas e falta de ar). Nesse
caso, o organismo aumenta a produção de hemácias, fornecendo
uma taxa maior de hemoglobina e compensando o baixo teor de
O2.
O transporte de CO2
O transporte desse gás é complexo.
Uma pequena parte é dissolvida no plasma. Outra
pequena parte se prende à hemoglobina, formando a
carboemoglobina. A maior parte, porém, é carregada na forma de
íons bicarbonato dissolvidos no plasma.
A respiração é controlada pelo bulbo raquidiano
que controla os movimentos dos músculos intercostais e do
diafragma, e que reage aos altos teores de CO2,
baixos teores de O2 ou ao aumento da acidez do
sangue, mantendo a homeostase (equilíbrio interno).
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